No início de 2020, apesar da instabilidade da economia brasileira, a expectativa do mercado siderúrgico e de mineração era de crescimento. Grandes empresas se preparavam para iniciar novos projetos, antevendo a expansão de suas atividades. No final de 2019, especialistas do setor acreditavam em um crescimento da economia em torno de 2% este ano, o que poderia expandir o consumo de aço em 4%. Mas não foi isso que aconteceu. Em virtude da pandemia, a queda na demanda por aço chegou 30% e as empresas tiveram que se adaptar de forma rápida e experimental para superar a crise do novo Coronavírus.
Com a NLMK não foi diferente. Considerada uma das mais rentáveis do mundo no setor, a companhia iniciou 2020 investindo para aumentar o estoque de produtos e com a equipe preparada para um ano de crescimento, devido aos avanços realizados pela empresa no Brasil e na América do Sul.
Desde o início de suas operações no país, a NLMK cresceu todos os anos, sendo 2019 o de menor crescimento percentual, em razão da base comparativa de 2018 ter sido muito boa e, com isso, o percentual de crescimento diminui de forma natural. Para 2020 a previsão era de um crescimento de dois dígitos.
Um dos projetos era abrir um escritório comercial e um estoque próprio no Chile, para atender o mercado local de mineração. Uma estrutura similar à que a companhia já possui no Brasil e no Peru, com exportações para Colômbia, Chile, Paraguai e Panamá.
Com o surgimento da pandemia de Covid-19, que impactou os setores de mineração e siderurgia gerando queda na demanda, a empresa precisou se adaptar rapidamente. A companhia registrou retração nas vendas em cerca de 30%, tendo como base o momento anterior à adoção das medidas de isolamento social.
No primeiro momento, essa adaptação não foi nada fácil, mas com empenho e coordenação, o plano deu certo. Os funcionários do Brasil e Peru foram direcionados para trabalhar em regime de home office. A empresa manteve apenas as operações nos estoques para faturamento e entrega de mercadorias, respeitando as recomendações da OMS para distanciamento, como o uso de máscaras, uso de álcool gel, bem como novas regras de higiene pessoal durante o trabalho.
“O combate ao vírus deixou tudo mais difícil, afinal, manter tudo funcionando no mundo siderúrgico atendendo aos protocolos de saúde não é um solução fácil. Além disso tivemos que interromper as visitas técnicas e comerciais aos clientes, a atividade de maior relevância que teve que deixar de ser feita. Mas aos poucos a produtividade e o faturamento estão começando a dar sinais de melhora”, revela o diretor-geral da NLMK South America, Paulo Seabra.
Entre as medidas tomadas pela empresa, Seabra cita a produção de máscaras personalizadas NLMK para os funcionários e a implantação de protocolos de segurança a serem seguidos pelos colaboradores. Clientes e parceiros passaram a ser atendidos virtualmente em reuniões feitas através de ferramentas de videoconferência. Mesmo à distância, os clientes continuaram a ser bem atendidos “no nível que a NLMK preza em manter”.
“Nós não paramos nem um dia sequer desde o início da pandemia, reagimos rapidamente implementando as novas ações. Seguimos firmes e disciplinados nesta questão. Porém, acreditamos que a recuperação será lenta, diferente de crises anteriores. O impacto foi sem precedentes. A missão agora é acima de tudo proteger a saúde dos nossos funcionários e gradativamente ir ampliando as vendas”.
Na atividade comercial, não poder visitar os clientes é uma restrição impactante. Muitas empresas ainda não estão permitindo a visita de fornecedores ou seus funcionários ainda estão trabalhando em home office. “Enquanto uma vacina não estiver disponível, acreditamos que será difícil observar uma recuperação significativa da atividade industrial. Nossa previsão é de uma melhora a partir do segundo semestre de 2021, quando provavelmente já teremos a vacina sendo aplicada em escala global”.
Pós-pandemia
Mesmo com todos os desafios, a expectativa da NLMK para os próximos anos é de manter os planos ambiciosos traçados para o Brasil e América do Sul como um todo, ampliando o portfólio de produtos ofertados nestes mercados, além de expandir as atividades com abertura de escritórios comerciais e estoque local em alguns países.
“A quantidade de viagens tende a diminuir com a consolidação das reuniões virtuais, pois se demonstraram eficientes para uma série de situações que antes eram resolvidas com visitas presenciais, além do maior cuidado com a saúde e o relacionamento dentro de ambientes fechados, principalmente”, acredita Seabra.
Na opinião do executivo, diante do cenário desafiador, o setor deverá manter e até aumentar o foco em ações de inovação e sustentabilidade. Isso porque as informações instantâneas e a necessidade de soluções rápidas forçam as empresas não somente a mudar sua forma de atuar, mas também a forma de investir. Ser sustentável em um setor siderúrgico cada vez mais competitivo exige criatividade e consequente inovação nas ações.
“Inovação é um dos pilares do grupo NLMK há muito tempo. Um programa de inovação foi lançado pela empresa no ano 2000 e, desde então, cerca de 200 projetos foram implementados para modernizar as instalações de produção existentes e criar novas capacidades. Foram investidos mais de 5 bilhões de dólares, dos quais mais de 10% foram destinados a projetos ambientais”.
Fundada em 1934, a NLMK conta com um dos mais eficientes sistemas integrados de aço e é considerada uma das companhias mais rentáveis do mundo. Seus produtos de altíssima qualidade são utilizados em vários segmentos da indústria, na construção, na fabricação de equipamentos para mineração, geração de energia e turbinas eólicas.
Sua usina em Clabecq, na Bélgica, é uma das maiores produtoras de aço de alta resistência do planeta. As chapas de aço QUARD® e QUEND® são produzidas com minério de ferro puro, enquanto outras concorrentes são produzidas com sucata reciclada, e por essa razão são consideradas as melhores chapas disponíveis no mercado brasileiro.
Chegou ao Brasil em 2014 e no ano seguinte ampliou suas operações para o Peru. Agora, já tem operações no Chile, na Colômbia e já se volta para outros países da América do Sul.
Paulo Seabra é diretor-geral da NLMK South America. Engenheiro mecânico formado pela Escola de Engenharia Mauá em São Paulo com MBA pela Fundação Getúlio Vargas. Iniciou carreira no início dos anos 90, enquanto cursava o curso técnico em mecânica na Escola Federal de São Paulo. Durante os 20 anos de carreira profissional, acumulou experiência em empresas multinacionais de grande porte. Atuou na alemã Robert Bosch onde alcançou a posição de gestor do mercado latino americano. Atua no mercado siderúrgico desde 2007 quando assumiu a posição de Country Manager na sueca SSAB, onde permaneceu até final de 2013. Responsável pela implementação das atividades do grupo na América do Sul.