Paulo Seabra, Diretor Geral da NLMK South America, avalia este desafiador momento sem procedentes na história mundial
No dia 09 de abril comemoramos o Dia Nacional do Aço, criado pelo ex-presidente Getúlio Vargas em 1941, para homenagear este importante metal no desenvolvimento das sociedades. Em 2020 será diferente de outros anos, devido aos desafios impostos pelo COVID 19, sem precedentes na nossa história mundial. Diante do quadro de pandemia os principais mercados do mundo retraíram e, com isso, as siderúrgicas sofreram um efeito imediato. Grandes indústrias como montadoras de veículos e linha branca reduziram ou pararam suas produções, gerando um grande impacto na demanda por aço, no Brasil e no mundo. Não é possível saber ainda o tamanho desta queda na demanda, pois isso depende da evolução da pandemia e também da eficácia das ações tomadas por vários países no mundo.
Em meio a notícias tão negativas, há também aquelas que geram uma melhora na expectativa econômica, importante fator para a recuperação no otimismo dos empresários de que poderemos sair desta crise com lesões menores do que o previsto inicialmente. É o caso dos recentes anúncios de muitos países que injetarão na economia incentivos financeiros na ordem de bilhões e até trilhões de dólares. Espera-se que os estímulos concebidos por governos como os da China, Estados Unidos e da Europa levem a uma recuperação da demanda. Temos também as boas notícias de que alguns países que adotaram o isolamento, já estão vivenciando o fim do pico do contágio e outros já observando uma redução nos números de mortes e de novos casos. Tudo isso aponta uma luz no fim do túnel de que esta crise poderá ter seus impactos controlados e direcionados para um caminho menos escuro do que se previa.
Para a siderurgia os desafios são diversos. Algumas estimativas sugerem uma redução de 20% no consumo do aço em 2020, principalmente entre abril e maio quando a demanda deverá cair em 50%, fechando o segundo trimestre com uma queda de 40%. Além da queda na demanda, a siderurgia também deverá ser impactada pela escassez de matéria prima, promovida pela interrupção na produção de mineradoras ao redor do mundo, resultando em uma estimativa que em até 2 meses poderemos observar problemas no fornecimento de minério de ferro.
Outro ponto importante a se considerar é que os estímulos econômicos anunciados em vários países possam vir acompanhados de efeitos negativos, como a disparada dos déficits fiscais por exemplo, representando uma armadilha para a retomada do setor e impactando a demanda futura. Além disso, ainda não podemos avaliar o tempo que levará entre os estímulos financeiros e a recuperação da economia, sem mencionar os riscos inflacionários e uma série de outras desvantagens associadas a essas intervenções.
Focados em inovação e sustentabilidade
Diante deste desafiador cenário, o setor deverá manter e até aumentar o foco em ações de inovação e sustentabilidade. Com o avanço das informações instantâneas e a necessidade de soluções rápidas, as mudanças organizacionais forçam as empresas a mudar sua forma de atuar e de investir. A sustentabilidade surgiu em torno dos anos 70 como fruto das grandes inovações tecnológicas e industriais do momento. Assim, é quase impossível falar de sustentabilidade sem levar em conta a inovação. De forma prática, é absolutamente possível manter um negócio tradicional, como é a fabricação de aço, mas investir em recursos inovadores que proporcionem melhoria nos processos de gestão e qualidade dos produtos, nos processos de logística, na gestão integrada de rede, na comunicação, etc.
Ser sustentável em um setor cada vez mais competitivo requer criatividade e inovação. A sustentabilidade envolve ações em relação ao meio ambiente e ao desenvolvimento da sociedade. Uma empresa sustentável se preocupa com o impacto das suas atividades na natureza e na sociedade em que está inserida. Isso não significa que ela deve parar de gerar lucros, muito pelo contrário. A sustentabilidade também trata da saúde financeira da instituição, que é o pilar do desenvolvimento econômico. Hoje em dia há diversas abordagens que incentivam a inovação e a sustentabilidade nas organizações. O primeiro passo é considerá-las como oportunidade e não como ameaça.
O Grupo NLMK determina metas desafiadoras, que incluem alcançar objetivos de desenvolvimento sustentável e contribuir para a conservação ambiental e o bem-estar da comunidade, sempre alinhados aos interesses econômicos de longo prazo.
Inovação também é um dos pilares do Grupo há um bom tempo: um programa de inovação foi lançado pela empresa no ano 2000 e, desde então, cerca de 200 projetos foram implementados para modernizar as instalações de produção e criar novas capacidades. Foram investidos mais de 5 bilhões de dólares dos quais mais de 10% foram destinados a projetos ambientais.
Quando avaliamos a importância do aço no nosso dia-a-dia e a imensa capacidade da indústria siderúrgica em inovar e se manter sustentável, concluímos que o setor sempre terá forças para superar as crises como esta gerada pelo Coronavírus. Entretanto o cenário não é favorável e no curto prazo o setor terá que se adaptar e tomar medidas drásticas para atravessar este momento sem precedentes. Historicamente o setor siderúrgico sempre contou com profissionais altamente capacitados e é nas pessoas que está a grande força deste setor para manter-se competitivo colaborando diretamente para o futuro da humanidade.
Saiba mais sobre a NLMK Brasil aqui.