Paulo Seabra, Diretor Geral da América do Sul, visa impulsionar a competitividade no mercado brasileiro de aço com alto valor agregado
A NLMK vem crescendo continuamente no Brasil, desde que iniciou suas operações no país, no ano de 2014. Em 2016, teve crescimento de 35% sobre as vendas de 2015 e tem a expectativa aumentar ainda mais a sua participação em 2017, tanto com clientes atuais e conquistando novos clientes.
O crescimento da empresa vem sendo possível devido à estratégia de focar em produtos especiais, com alto valor agregado, junto aos fabricantes que procuram se diferenciar no mercado e aumentar sua competitividade. Com os aços premium da NLMK, os clientes podem fabricar seus produtos mais leves e mais resistentes, aumentando a sua vida útil. Assim, a NLMK vem aumentando gradativamente o fornecimento de seus aços especiais: o QUARD® que é um aço de alta resistência ao desgaste, muito utilizado pelos maiores fabricantes de equipamentos para mineração e construção, e o QUEND®, um aço estrutural com altíssimo limite de escoamento, utilizado na fabricação de guindastes e grandes componentes que operam com severas demandas de carga.
O ano de 2017 começou com uma tendência de protecionismo no ambiente internacional, o que gera uma previsão de um ano difícil para as siderúrgicas. O governo Trump, por exemplo, adotou medidas antidumping para produtos siderúrgicos da Europa, região que nunca houve a prática do dumping, em razão da seriedade que o negócio do aço é tratado naqueles países, portanto é uma questão mais política do que técnica. Já no mercado interno brasileiro, a instabilidade política ainda não apresentou sinais de uma breve recuperação econômica, o que poderia reduzir a ociosidade das indústrias e das siderúrgicas nacionais. A previsão estatística para o consumo de aço no Brasil este ano é ficar equivalente ao de 2006, aproximadamente 18,8 milhões de toneladas.
As reformas da previdência e trabalhista propostas pelo governo são essenciais para impulsionar a retomada da economia. Com isso acredito que a economia deve voltar a crescer de forma mais significativa, assim como deve aumentar o otimismo e a disposição dos empresários e das multinacionais em investir no Brasil.
Estamos confiantes que este momento de instabilidade política e econômica serão superados em breve, esperamos uma retomada de forma lenta e gradual. Enquanto isso, estamos investindo todos os recursos disponíveis para consolidarmos a estrutura da operação no Brasil para aproveitarmos ao máximo o crescimento que está por vir.
A decisão de NLMK de entrar no Brasil já estava tomada antes mesmo da crise se estabelecer, porém como nosso plano de negócios é de longo prazo, a crise nos fez ajustar a operação ao atual cenário, uma vez que o Brasil ainda é visto como uma economia viável na qual a NLMK quer estar presente, tanto por tamanho, por estar entre as 10 maiores economias do mundo, além do crescente interesse do país em aços especiais, que é a nossa grande expertise. Sendo assim, nosso startup no Brasil não foi uma aposta, mas sim uma decisão acertada e planejada.
Para superar os desafios econômicos no Brasil, e também em outros mercados mundiais, nosso grupo vem sistematicamente, ampliando o mix de produtos de aços com alto valor agregado, os quais já correspondem por mais de 50% do nosso faturamento anual de aproximadamente 16 milhões de toneladas. Muitas siderúrgicas no mundo, incluindo as brasileiras, persistem com foco em aço comercial, de menor valor agregado, o que impacta pouco na nossa operação, razão pela qual a NLMK se posiciona globalmente entre as usinas siderúrgicas com maior capacidade utilizada (superior a 96%) e com maior lucratividade. Outro fator que amplia nossa competitividade é o elevado índice de verticalização que temos pelo fato de possuirmos 100% de autossuficiência em minério de ferro e carvão, gerando aproximadamente 60% da energia que consumimos, além de contarmos com quatro portos próprios para escoar nossa produção de aço pelo mundo.
Avaliamos que 2017 continuará muito desafiador para o mercado siderúrgico brasileiro, praticamente uma continuação de 2016, mas com a expectativa do começo de uma tímida recuperação a partir do segundo semestre, na perspectiva de uma melhora no cenário econômico e consolidação da estabilidade política no Brasil. O governo precisa estabelecer uma clara agenda positiva para fortalecer a confiança e voltar a gerar empregos. Outras questões mundiais podem também interferir de forma significativa na nossa economia. Enquanto isso, mantemos nossos planos para 2017, de expandir a presença no continente sul-americano, principalmente na costa do pacífico e no norte do Brasil.